
O V Congreso Internacional do Observatori de l’Alimentació & Fundació Alícia aconteceu neste mês de junho em Barcelona, com a temática Patrimonios Alimentarios, Turismo y Sostenibilidad. As apresentações principais e mesas redondas se realizaram na Fundació La Pedrera e as comunicações na Universitat de Barcelona.
O evento pretendeu abordar as relações entre patrimônio alimentar, turismo e sustentabilidade no sentido de investigar e debater qual o futuro dessa relação e de suas potencialidades.
As mesas redondas tiveram a participação de representantes diversos, normalmente compostas por um representante do poder público, pesquisadores acadêmicos, atores sociais e culturais, além dos setores empresariais. Nos tópicos sobre patrimônio alimentar me chamou a atenção, particularmente, como o poder público interage e media de forma saudável as ações e atividades em benefício e diálogo com a comunidade (as iniciativas são inúmeras e vou abordá-las em outro post).
Meus destaques da programação do Congresso:
- Políticas em favor das culturas alimentares.
- A gastronomia como oportunidade para o turismo sustentável, o setor primário e a dinamização local.
- Como desenvolver destinos turísticos sustentáveis baseados no patrimônio alimentar?
- O que não se vê, não existe? Quem, o que e como se difundem e se comunicam as mensagens de valorização do patrimônio alimentar?
- Comida de rua, patrimônio e turismo.
Colocando bastante à parte a questão uníssona de celebração da gastronomia regional como fator de importância no turismo sustentável, as mesas redondas trataram de problematizar algumas questões reais como:
- Quais impactos desse tipo de turismo à população local. Ou seja, até que ponto estamos criando um parque temático e não um destino turístico?
- Como de fato interagem e se beneficiam os atores locais nessa economia?
- Quais são os limites (ambientais, sociais, econômicos) desse tipo de turismo, sobretudo para os moradores locais?
Para terminar, e me inspirando nesse Congresso, duas perguntas que me parecem bastante necessárias também ao contexto do Vale do Paraíba e Serra da Mantiqueira, o qual também vivencio: mais do que reconhecer e celebrar esse patrimônio alimentar, para quem estamos fazendo isso? Existe um resgate verdadeiro enquanto não houver justiça social para os que dele se mantém?

Joan Roca (Celler de Can Roca), Dr. Cyrille Laporte (Univ. Toulouse), Pr. Julie Cavignac (UFRN) e mesa redonda sobre Comida de Rua (UNESCO).